Manual Sobre Vivência

Caro leitor: quando nasceu, foi-lhe entregue o respectivo manual sobre como sobreviver neste mundo? Não? Temo dizer que foi enganado e sugiro que siga este blogue atentamente, se possível, algumas vezes por dia!

segunda-feira, agosto 29, 2005

Futebol feminino: por quê?

Quem inventou o futebol feminino, merecia dois prémios: numa primeira fase, o prémio "Conceito Mais Brilhante da Década"; e num segundo momento, o prémio "E Se Estivesses Quieto?"! O conceito é perfeito: 22 mulheres, com tudo no sítio, a correr atrás de uma bola em duelos corpo-a-corpo, marcações mulher-a-mulher, agarrões na pequena área e os festejos dos golos com abraços plenos de sensualidade, para já não falar dos rituais de balneário, antes e depois dos jogos. E a velha máxima futebolística: "em equipa que ganha não se mexe", iria também à falência. Não haveria nenhum treinador que não caísse na tentação de "mexer" na equipa, mesmo que esta estivesse numa senda imparável de vitórias!
Parabéns! Quem inventou isto devia estar iluminado por algum poder divino se é que lá em cima gostam destas coisas! O inventor terá proposto a algumas mulheres a prática de futebol e este é o exemplo mais claro em como uma boa ideia pode transformar-se em algo tão medonho e sofrível. No fundo, temos 22 mulheres em campo, mas tudo o que fazia parte do "conceito de sonho" do inventor do futebol feminino, cai por terra! As mulheres que jogam futebol de 11 bem tentam mas não chegam lá! Portam-se como homens mas correm como mulheres; têm a vontade e preserverança dos homens mas rematam como mulheres; no fundo, são como aqueles homens que não têm jeitinho nenhum para jogar à bola. Ora, isto seria óptimo se estas moçoilas se parecessem minimamente com mulheres, mas grande parte delas assemelham-se com homens ou, na melhor das hipóteses, têm parecenças com a parte da frente de um camião TIR! E assim, todo o conceito do futebol feminino com mulheres voluptuosas a esfregarem-se pela conquista da bola e a enrolarem-se umas com as outras após o golo, fica destroçado. E os jogos são maus! São mesmo muito maus! Arrastam-se penosamente durante longos e entendiantes minutos! Uma vez tentei ver um jogo durante alguns minutos mas não consegui! Não consegui! Deviam mudar as regras e, de cada vez que alguém conseguisse rematar (mesmo que a bola não entrasse na baliza), devia ser considerado golo! E já agora, reduzam os minutos de jogo, está bem? E se pudessem deixar de transmitir aquilo na EuroSport seria uma óptima ideia! Mas há que fazer justiça a algumas jogadoras de futebol: há mulheres que conseguem mexer no cabelo com menos frequência do que o Nuno Gomes.

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quinta-feira, agosto 25, 2005

Os mais infelizes da Europa?

Como se o Zé Povinho já não estivesse em estado terminal, os europeus ainda insistem em revelar estudos que todos gostariamos de saber de onde vêm e para onde vão, no fundo, para que servem! Seria bom que os autores destes estudos saíssem do anonimato e fossem para a frente das câmaras anunciar factos tão conclusivos, rigorosos e imparciais como: "Os portugueses são os mais infelizes da Europa dos 15".
É de arruinar com a auto-estima de qualquer um, quanto mais com o amor próprio de dez milhões de portugueses que estão chamuscados com as dezenas de incêndios que lavram no nosso país e tesos, com a recessão económica que se faz sentir. Julgo que é tão importante saber quem é o povo mais infeliz da Europa, como ter noção de quem é o povo mais nostálgico, o mais egoísta, o mais deslidudido, o mais mimado, o mais acariciado, o mais temido e por aí fora!
De qualquer forma, alguém tem ideia como é que se determina a infelicidade de um povo? Que variantes entram neste estudo? Andam por aí grupos de europeus a perguntar: "Você é infeliz?", em português perfeito? Definem esse estado de alma ao analisar os programas de televisão de cada país? O estudo foi feito tendo em conta apenas o ânimo de Manuel Alegre?

Ignora-se os meios que estes indivíduos utilizaram para chegar a essa conclusão, mas o título de mais infelizes da Europa já ninguém nos tira! Na minha opinião, infelizes são aqueles que se dedicam a estes estudos tão pouco proveitosos para a nossa existência...

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"Infelizes são vocês, seus sacanas!"

segunda-feira, agosto 22, 2005

SOBREVIVENTE DO MÊS - AGOSTO

E o prémio vai para:

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Ronald Koeman

Este homem é o justo vencedor do nosso prémio, porque resiste a tudo! Já nem nos lembramos de todos os nomes dos jogadores que já foram dados como certos na Luz e quando parecia certo que não vinha nenhum avançado, ainda lhe venderam o Alex para a Alemanha. Longe vão os tempos em que todos temiam este homem. O seu remate com o pé direito chegava a atingir os 120 km/h e ninguém passava facilmente por este defesa. Agora, já não há respeito! Pediu avançados, levaram-lhe um defesa; pediu uma vitória frente à Académica, só levou um pontinho! Este prémio não tem sentido posicional, não joga bem de cabeça nem é concretizador na pequena área mas serve de consolação...

sexta-feira, agosto 12, 2005

"Sempre Presente, Seus Nabos"

No post "As "lapas" deste Verão" (que como mencionei na altura, não se tratou de nenhuma ofensa a esses mulúsculos deliciosos), mencionei a intenção de Valentim, Isaltino e Fatinha (esse trio arrebatador) de se candidatarem a presidentes das autarquias de Gondomar, Oeiras e Felgueiras, respectivamente. Parece que a intenção reforçou-se e vamos ter candidaturas independentes, à revelia dos partidos aos quais estes candidatos pertencem ou pertenciam.
Suscitou-me especial interesse a possível candidatura de Fátima Felgueiras que, com a praia de Copacabana como "pano de fundo", lá vai clamando a sua inocência e critica severamente o sistema judicial português. Na maior parte das vezes, perco-me naquele discurso esganiçado e sofrível, e tudo o que me prende a atenção àquele "directo" é o cabelo da senhora. Temos que reconhecer que melhorou bastante desde que a Fatinha deixou Portugal. Antes de deixar o nosso país, dava a sensação que aquele cabelo podia dar guarida a todos os foragidos deste mundo, o que a confirmar-se retirava todo o mérito da escolha de António Guterres para Alto Comissário da ONU para os Refugiados.
Sendo assim, a Fatinha vai-se candidatar à Câmara Municipal de Felgueiras e já tem lema de campanha. Isto é rigorosamente verdade! O slogan já está escolhido e será: "SEMPRE PRESENTE - FELGUEIRAS A PRESIDENTE"! Magnífico, sublime! Como é que os partidos não contrataram esta mente criativa para outras campanhas? Que fantásticos seriam os slogans: "SEMPRE SINISTRO - SÓCRATES A PRIMEIRO-MINISTRO", "SEMPRE DEMENTE - SOARES A PRESIDENTE", "TACHO ASSEGURADO - FERNANDO GOMES A DEPUTADO". E só mencionei pessoal do PS, porque este criativo parece estar mais identificado com esta área política.
Mas vamos ao slogan real! Aquele da Fatinha! "Sempre presente"? Alguém quer minar-lhe a campanha por dentro e começam logo pelo slogan??!! Parece-me que a candidata a candidata anda mal acompanhada e devia seriamente pensar noutro slogan, antes que, mudem de lema mais perto da campanha, tendo em conta a célebre frase que os inspectores da PJ ouviram numa conversa telefónica, no âmbito das investigações do "saco azul": "Eu conheço o povo de Felgueiras, são todos uns nabos".

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Em cima: "Só vou a julgamento se me derem a garantia que sou absolvida"; vamos ver o que é que se arranja, mas com esse cabelo, vai ser complicado convencer o juiz da sua inocência...

quinta-feira, agosto 11, 2005

O que um tipo faz para ir ver os U2...

(...) Os quatro músicos só chegam a Lisboa no próprio dia do concerto e seis horas antes de subirem ao palco do estádio Alvalade XXI serão condecorados por Jorge Sampaio com a Ordem da Liberdade pelo trabalho e empenho em causas humanitárias. (...)

in "Disco Digital", 11/08/2005

Quase em final de mandato, descobrimos a verdadeira razão que fez com que Jorge Sampaio se candidatasse a Presidente da República, pela segunda vez. Tendo em conta a possibilidade do processo de venda dos bilhetes para o concerto dos U2 tornar-se algo parecido com "o fim do mundo", Sampaio acautelou-se desde 1996 e agora, surgiu finalmente a sua grande oportunidade. A poucos dias do espectáculo da década (julgo que até aqueles que não são fãs do grupo devem concordar comigo), o nosso Presidente lembrou-se de condecorar o grupo irlandês com a Ordem da Liberdade pelo trabalho e empenho em causas humanitárias (tais como, juntar uma centenas de jovens sequiosos numa bomba de gasolina e obrigá-los a passar lá a noite para saírem de lá com cheirinho a Sem Chumbo 98). Esqueçam a garantia do normal funcionamento das instituições democráticas, o comando das Forças Armadas ou a análise às propostas de lei do Governo. Arranjar forma de ir ver os U2, dando como desculpa o facto de se ter quatro medalhas a "ganhar pó" no Palácio de Belém, parece-me concorrência desleal com todos aqueles milhares que não conseguiram arranjar bilhetes para este espectáculo. Já agora, até aposto que o segundo motivo pelo qual Sampaio se recandidatou para presidir à República, foi também a oportunidade única que representa escrever o prefácio de uma grande obra literária como o livro de Jorge Costa... sim, o jogador!!!

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Em cima: Bono imita descaradamente o movimento designado como "pontapé no Santana" que Sampaio lhe ensinou...

sexta-feira, agosto 05, 2005

Não explicam...

"Gilberto Madaíl não compreende saída de Luís Figo

O presidente da Federação Portuguesa de Futebol já comentou a saída de Luís Figo do Real Madrid. Para Gilberto Madaíl, é difícil compreender tal decisão, pelo que deseja ao clube espanhol «inêxitos na proporção dos êxitos» de Luís Figo."

in "A Bola", 05/08/2005

Nada me diverte tanto como o universo que gira em torno do talento dos jogadores de futebol! E neste contexto tão particular (de uma bizarrice tão latente destes protagonistas, que quase leva à falência os humoristas desportivos), há uma personagem que já devia ter sido galardoada com uma espécie de "prémio carreira", pelas preciosidades que já disse desde que é figura pública e pela coerência que demonstra, dentro do género absurdo.
Desta vez, o nosso amigo Madaíl diz que não compreende a saída de Figo do Real Madrid. Como este espaço pretende ser um manual sobre vivência (que num certo sentido pode ser visto como serviço público), vamos explicar como estas situações acontecem.
Então é assim, Dr. Madaíl: enquanto a maioria dos profissionais estão no auge da sua carreira aos 33 ou 34 anos, os jogadores de futebol (ou de qualquer outra modalidade, salvo algumas excepções) nessa idade estão na curva descendente do seu percurso como atletas de alta competição. Figo não é excepção! Ocupou na Selecção, no Sporting, no Barcelona e no Real Madrid, um papel de destaque, liderança e profissionalismo. Aos 32 anos, o extremo-direito já sente o peso da idade e só quem não está habituado a ver futebol, pode considerar que Figo ainda está na plenitude de todas as suas capacidades: velocidade, capacidade técnica e poder de choque.
Bem sei que vivemos dias de nostalgia que fazem com que Zidane anuncie o regresso à selecção francesa, que Soares reflicta sobre a hipótese de se candidatar ao terceiro mandato como Presidente da República e que vibremos com um Sporting - Benfica da época de 1946-47, na RTP Memória.
Mas a verdade é que (à excepção do segundo regresso de Michael Jordan à NBA) tudo na vida tem a sua altura própria. Renovar é preciso e a classe dirigente devia ser a primeira a ter isso em conta.
Resumindo e concluíndo, Dr. Madaíl: o futebol, tal como a vida, é feito de ciclos! E era tão bom que, tal como os jogadores, também os dirigentes se apercebessem quando entram na sua curva descendente e se retirassem. Mas depois quem é que tratava da vertente humorística no futebol nacional? Bom, esqueça estas últimas linhas...

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Em cima: "Desejo ao clube espanhol «inêxitos na proporção dos êxitos» de Luís Figo". Sempre enigmático, este Madaíl...

quinta-feira, agosto 04, 2005

Seagal, o injustiçado

"Governo uruguaio indignado com filme de Steven Seagal

O governo do Uruguai contesta «as mensagens» acerca do seu país contidas no filme «Submerged», protagonizado por Steven Seagal, e admite avançar com acções judiciais".

in "Diário Digital, 04/08/2005

Ora aqui está! Finalmente! Já não era sem tempo! O mundo cinematográfico respira de alívio! Trezentos e cinquenta filmes depois, alguém foi capaz de pôr em causa um trabalho feito por Steven Seagal. Como se duas pessoas convivessem quinze anos com um enorme elefante branco dentro da sala e um dia, um dos dois dissesse: "Noto qualquer coisa estranha perto de nós!!!" O que é que os uruguaios querem insinuar com esta posição? Que o homem é um actor mediano? Que, quer faça de cozinheiro ou calceteiro, ele só consegue fazer o papel de Steven Seagal? São muito injustos estes uruguaios! O homem é de uma consistência profissional tão marcante que dá a sensação que ele faz sempre de Steven Seagal (o que de certa forma, dá continuidade entre os vários filmes), mas notam-se sempre imensas diferenças de um filme para o outro! Como por exemplo, o corte de cabelo, a voz ou a expressividade dramática! É incrível que se diga que Steven Seagal usa sempre aquele longo cabelo preto apanhado (à samurai), que a voz seja sempre rouca e monocórdica ou que ele faça sempre a mesma expressão, quer esteja a beber um café ou a "arrear" em cinco ou seis malfeitores ao mesmo tempo (acto seguido de um apelo à "não-violência")! Caramba! O Steven pode não ser o melhor actor do mundo (felizmente ainda temos grandes actores como Keanu Reeves ou Christian Slater), mas julgo que a posição do governo do Uruguai, ao "avançar com acções judiciais", é um pouco precipitada. Se formos falar em cabelos pouco consensuais e dignos de processos judiciais severos, temos que denunciar aqui o Kenny G, o Michael Bolton e em último caso, o David Hasselhoff.

Qualquer dia, e sem qualquer razão aparente, estes uruguaios ainda se lembram de processar o Chuck Norris, não? Era o que faltava?! E o que é que se pode apontar a este supra-sumo da sétima arte? Parem lá com a "caça às bruxas"....

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Em cima: E o homem ainda canta?! É, de facto, um grande artista...

quarta-feira, agosto 03, 2005

"Tal como no B. I."

"Pode assinar aqui, tal como no B. I., está bem?" Esta indicação (exclusiva dos funcionários públicos) acompanha-me desde que a sociedade me considera como gente, ou seja, quando ganhamos algum poder de compra e consequentemente, temos uma "atenção especial" por parte do Ministério das Finanças. Importa dissertar sofre este "desafio" que os funcionários públicos nos colocam de cada vez que temos que assinar um simples papel, que vai muito para além daquela cruzinha irritante no início da linha em que vamos depositar a nossa rubrica (em jeito de: "é aqui que tem que assinar e não admito que me pergunte pela segunda vez onde é que deve fazê-lo, está bem?").
Tal como em todos os aspectos da nossa vida, a escrita também tem dias bons e momentos mais tenebrosos. Mas mesmo assim, há pessoas que fazem da assinatura de um B. I. um momento único, como se fossemos colocar a nossa mão no cimento fresco, num merecido lugar no passeio da fama em Hollywood! Fazemos tudo para que não tenhamos de viver cinco anos da nossa existência com aquela assinatura no B. I.; como se quisessemos calar a dor e revolta que a nossa letra poderia sentir naquele dia.
Assim, quando um funcionário nos diz para assinar tal como no B. I., devemos encarar essa indicação como um desafio subliminar que pode ter duas interpretações. No primeiro caso, esse desafio pode ser feito porque temos uma letra apresentável e o funcionário quer pôr-nos à prova para ver se conseguimos repetir a façanha: "vá, vá, assine tal como no B. I., vamos ver se essa letrinha bonitinha sobrevive a esta caneta BIC toda mordida e salivada". Na segunda situação, o funcionário pode considerar que aquela letra é tão má, mas tão má, que não pode ser repetida. E no caso de se verificar uma escrita ainda pior, o funcionário tem uma linha directa com um padre exorcista para libertar-nos do médico que existe em nós.
Para um médico, deve ser simples assinar tal como no B. I.! Se me pedirem para fazer três círculos seguidos de quatro traços, faço-o sem o menor problema! E posso dar-me ao luxo de assinar documentos uma tarde inteira, porque vou repetir a assinatura até à exaustão ou pelo menos até o funcionário (entretanto a suar em bica e com a camisa aberta de desespero) considerar que consigo assinar como no B. I. Uma espécie de xeque-mate!
E ainda sou capaz de lhe pedir uma declaração em que o funcionário reconheça que sou capaz de assinar tal como no B. I., e nesse caso, vai ter que existir uma linha em branco com uma indicação por baixo a dizer "assinatura do funcionário", onde este terá que assinar, tal como consta no B. I.! Eu próprio verifico se a rubrica "confere"...

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