Manual Sobre Vivência

Caro leitor: quando nasceu, foi-lhe entregue o respectivo manual sobre como sobreviver neste mundo? Não? Temo dizer que foi enganado e sugiro que siga este blogue atentamente, se possível, algumas vezes por dia!

terça-feira, setembro 09, 2008

"Sou recluso... e tenho pressa"

Estar entalado no trânsito da A5, sentido Lisboa - Cascais, em pleno Sábado de manhã leva-nos aos pensamentos mais idiotas que podemos ter durante toda a nossa vida. É um momento vegetativo para o corpo mas estupidamente activo para a massa cinzenta... até que irrompe nos nossos ouvidos uma sirene! Ambulância? Boa... isto está bonito está! Nada disso! Polícia? Excelente... daqui a pouco vem a ambulância! Nem pensar!
O que aí vinha era uma carrinha do estabelecimento prisional, doidinha para furar o trânsito a caminho do Linhó! Os carros quase emagreceram para deixar passar a frenética EP e os guardas lá serpentearam por uma fila incrivelmente compacta. No meio de tudo aquilo, questiono-me qual o motivo de tanta pressa, caso a carrinha fosse mesmo a caminho da prisão! Ora bem... temos um recluso que, com alguma sorte, vai ficar uns anitos na choldra... mas não pode esperar uns minutos na fila do trânsito para iniciar o cumprimento da pena. E a malta tem que ser compreensiva... caramba... o homem tem, na melhor das hipóteses, um torneio de sueca à espera! Caso a sorte lhe seja madrasta... tem que se contentar com o campeonato interprisional da Apanha do Sabonete Líquido...

segunda-feira, setembro 01, 2008

Eu Vi um Cromo!

Vi um cromo dos antigos... tão antigo, que nem se chamavam cromos aos cromos nessa altura. Há anos que não o via e no entanto, aí estava ele na plenitude da sua cromisse mostrando como o tempo actua neste tipo de pessoas: um cromo apurado. Entrou no café onde o esperava, há largos minutos, a sua mulher/namorada com um bebé nos braços... sentou-se e nem um beijo lhe deu, limitando-se a colocar um saco grande na cadeira ao lado. Desviei a minha atenção para a uma amêndoa amarga e para o Licor Beirão do meu irmão, que afinal veio a revelar-se uma aguardente bagaceira.
Minutos depois, os dois levantaram-se para pagar e, num acto de cromisse absurda, ele passou o saco à namorada e puxou da carteira. Agora, a jovem - de uma calma invejável - ostentava não só o bebé nos braços como tinha também um saco a tiracolo; mas o cromo não se importava com isso.
Saíram e a jovem, que agora carregava também um ar de desespero, fez-me um olhar de SOS... enquanto o cromo tentava encaixar uns óculos escuros baratos que agora pareciam esculpidos na face à força de um martelo.

A cromisse, neste caso, revelou-se cedo. Enquanto moço, este rapaz fazia uma coreografia para a música "Cinderela" de Carlos Paião: quando chegava ao refrão - "...e então, bate bate coração" - este cromo simulava o bater do coração com uma mão dentro da camisa, uma má coreografia reconhecidamente, no tempo em que estas não se distinguiam.
No entanto, o rapaz atingiu o cume da cromisse aguda num dia em que a aula de ginástica foi na piscina. Lá apareceu ele, ostentando uma vistosa e arrebatadora tanga creme decorada com bandeiras de vários países...