Entrevista com um Tsunami...
Entrevistador - Você é conhecido por Tsunami, mas esse não é o seu verdadeiro nome...
Tsunami - De facto! Chamo-me José Pereira da Costa e nasci no Bombarral!
E. - Quando é que percebeu que queria ser tsunami quando crescesse?
T. - Costumava rodopiar na minha banheira em pequeno, fazia-o com tal intensidade que um "caça-talentos" disse-me que podia fazer muito dinheiro com este dom! Os meus pais diziam-me ao início que eu tinha um desequilíbrio nas placas tectónicas, mas eu nunca entendi se era um elogio ou uma crítica!
E. - E como é que começou?
T. - O meu primeiro trabalho foi num jacuzzi mas aquilo não correu nada bem! As pessoas pareciam sair de lá relaxadas e o meu objectivo era que elas nem saíssem de lá! Estive lá apenas um ano e de seguida fui convidado para fazer ondas numa piscina municipal, mas as Câmaras Municipais pagam tarde e tive de me direccionar para outro lado!
E. - Foi aí que decidiu emigrar?
T. - Por mim, desenvolvia a minha actividade no meu país, mas ainda há muito preconceito contra os tsunamis em Portugal! Todos falam daquela situação do sudeste asiático mas as pessoas esquecem-se que há bons e maus profissionais, tal como em todas as profissões!
E. - Isso é uma crítica aos media?
T. - Todos falaram mal do tsunami, mas alguém se lembrou de falar "com" um tsunami? Não! Agora as pessoas generalizam, discriminam os tsunamis que só querem fazer o seu trabalho de uma forma honesta! Alguém fala das nossas condições de trabalho, dos salários em atraso? Ainda nem recebi o subsídio de risco do ano transacto... enfim, é muito triste!
E. - Sentiu-se descriminado?
T. - Depois daquela tragédia, deixei de fazer a minha vida como fazia! Antes, era abordado na rua com simpatia e as pessoas diziam gostar do meu trabalho! Diziam-me: "Dê cá um beijinho, senhor tsunami! Aprecio muito o seu trabalho! Gosto muito de o ver na televisão!". Até cheguei a ir ao programa do Goucha, deixei o estúdio todo alagado! Foi lindo! De 26 de Dezembro para cá, tem sido péssimo! Olham-me de lado, fazem comentários desagradáveis... é muito complicado!"
E. - Já receava que isto acontecesse um dia?
T. - Infelizmente, sim! O tsunami que fez aquilo no sudeste asiático foi meu colega de trabalho e sempre senti que ele era um pouco desequilibrado; enfim, uma infância triste! Era excluído socialmente e costumava ter uma postura radical em tudo! Temia que aquilo acontecesse o que veio a suceder, quando soube que ele encontrava-se naquela região do planeta!
E. - "Paga o justo pelo pecador"?
T. - Exacto! Até a minha família ressente-se disso! Actualmente, desenvolvo a minha actividade fora do meu país: Hawai, Austrália, Costa Rica... enfim, vou a todo o lado! Estou sempre disponível para trabalhar seja onde for, mas é incrível e lamentável que tenha de o fazer longe de Portugal!
E. - Considera voltar a Portugal?
T. - Ericeira e Carcavelos são destinos que me agradam, mas julgo que Portugal não está preparado para apreciar o trabalho de um tsunami. Não os condeno! Temos medo do que não conhecemos e os portugueses estão muito receosos.
E. - Vamos falar do futuro! Os seus filhos querem seguir a sua profissão?
T. - Sempre disse que não iria incentivá-los a seguir a profissão de tsunami! É uma vida muito instável, ganha-se pouco, não temos um local de trabalho fixo, o que por vezes provoca uma certa instabilidade familiar. Felizmente, tenho uma companheira que me compreende e que me apoia em todas as decisões. Não "faz ondas", e isso é muito bom!

Em cima: Um tsunami incompreendido tenta chamar a atenção do público presente
Tsunami - De facto! Chamo-me José Pereira da Costa e nasci no Bombarral!
E. - Quando é que percebeu que queria ser tsunami quando crescesse?
T. - Costumava rodopiar na minha banheira em pequeno, fazia-o com tal intensidade que um "caça-talentos" disse-me que podia fazer muito dinheiro com este dom! Os meus pais diziam-me ao início que eu tinha um desequilíbrio nas placas tectónicas, mas eu nunca entendi se era um elogio ou uma crítica!
E. - E como é que começou?
T. - O meu primeiro trabalho foi num jacuzzi mas aquilo não correu nada bem! As pessoas pareciam sair de lá relaxadas e o meu objectivo era que elas nem saíssem de lá! Estive lá apenas um ano e de seguida fui convidado para fazer ondas numa piscina municipal, mas as Câmaras Municipais pagam tarde e tive de me direccionar para outro lado!
E. - Foi aí que decidiu emigrar?
T. - Por mim, desenvolvia a minha actividade no meu país, mas ainda há muito preconceito contra os tsunamis em Portugal! Todos falam daquela situação do sudeste asiático mas as pessoas esquecem-se que há bons e maus profissionais, tal como em todas as profissões!
E. - Isso é uma crítica aos media?
T. - Todos falaram mal do tsunami, mas alguém se lembrou de falar "com" um tsunami? Não! Agora as pessoas generalizam, discriminam os tsunamis que só querem fazer o seu trabalho de uma forma honesta! Alguém fala das nossas condições de trabalho, dos salários em atraso? Ainda nem recebi o subsídio de risco do ano transacto... enfim, é muito triste!
E. - Sentiu-se descriminado?
T. - Depois daquela tragédia, deixei de fazer a minha vida como fazia! Antes, era abordado na rua com simpatia e as pessoas diziam gostar do meu trabalho! Diziam-me: "Dê cá um beijinho, senhor tsunami! Aprecio muito o seu trabalho! Gosto muito de o ver na televisão!". Até cheguei a ir ao programa do Goucha, deixei o estúdio todo alagado! Foi lindo! De 26 de Dezembro para cá, tem sido péssimo! Olham-me de lado, fazem comentários desagradáveis... é muito complicado!"
E. - Já receava que isto acontecesse um dia?
T. - Infelizmente, sim! O tsunami que fez aquilo no sudeste asiático foi meu colega de trabalho e sempre senti que ele era um pouco desequilibrado; enfim, uma infância triste! Era excluído socialmente e costumava ter uma postura radical em tudo! Temia que aquilo acontecesse o que veio a suceder, quando soube que ele encontrava-se naquela região do planeta!
E. - "Paga o justo pelo pecador"?
T. - Exacto! Até a minha família ressente-se disso! Actualmente, desenvolvo a minha actividade fora do meu país: Hawai, Austrália, Costa Rica... enfim, vou a todo o lado! Estou sempre disponível para trabalhar seja onde for, mas é incrível e lamentável que tenha de o fazer longe de Portugal!
E. - Considera voltar a Portugal?
T. - Ericeira e Carcavelos são destinos que me agradam, mas julgo que Portugal não está preparado para apreciar o trabalho de um tsunami. Não os condeno! Temos medo do que não conhecemos e os portugueses estão muito receosos.
E. - Vamos falar do futuro! Os seus filhos querem seguir a sua profissão?
T. - Sempre disse que não iria incentivá-los a seguir a profissão de tsunami! É uma vida muito instável, ganha-se pouco, não temos um local de trabalho fixo, o que por vezes provoca uma certa instabilidade familiar. Felizmente, tenho uma companheira que me compreende e que me apoia em todas as decisões. Não "faz ondas", e isso é muito bom!

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