Manual Sobre Vivência

Caro leitor: quando nasceu, foi-lhe entregue o respectivo manual sobre como sobreviver neste mundo? Não? Temo dizer que foi enganado e sugiro que siga este blogue atentamente, se possível, algumas vezes por dia!

quarta-feira, agosto 03, 2005

"Tal como no B. I."

"Pode assinar aqui, tal como no B. I., está bem?" Esta indicação (exclusiva dos funcionários públicos) acompanha-me desde que a sociedade me considera como gente, ou seja, quando ganhamos algum poder de compra e consequentemente, temos uma "atenção especial" por parte do Ministério das Finanças. Importa dissertar sofre este "desafio" que os funcionários públicos nos colocam de cada vez que temos que assinar um simples papel, que vai muito para além daquela cruzinha irritante no início da linha em que vamos depositar a nossa rubrica (em jeito de: "é aqui que tem que assinar e não admito que me pergunte pela segunda vez onde é que deve fazê-lo, está bem?").
Tal como em todos os aspectos da nossa vida, a escrita também tem dias bons e momentos mais tenebrosos. Mas mesmo assim, há pessoas que fazem da assinatura de um B. I. um momento único, como se fossemos colocar a nossa mão no cimento fresco, num merecido lugar no passeio da fama em Hollywood! Fazemos tudo para que não tenhamos de viver cinco anos da nossa existência com aquela assinatura no B. I.; como se quisessemos calar a dor e revolta que a nossa letra poderia sentir naquele dia.
Assim, quando um funcionário nos diz para assinar tal como no B. I., devemos encarar essa indicação como um desafio subliminar que pode ter duas interpretações. No primeiro caso, esse desafio pode ser feito porque temos uma letra apresentável e o funcionário quer pôr-nos à prova para ver se conseguimos repetir a façanha: "vá, vá, assine tal como no B. I., vamos ver se essa letrinha bonitinha sobrevive a esta caneta BIC toda mordida e salivada". Na segunda situação, o funcionário pode considerar que aquela letra é tão má, mas tão má, que não pode ser repetida. E no caso de se verificar uma escrita ainda pior, o funcionário tem uma linha directa com um padre exorcista para libertar-nos do médico que existe em nós.
Para um médico, deve ser simples assinar tal como no B. I.! Se me pedirem para fazer três círculos seguidos de quatro traços, faço-o sem o menor problema! E posso dar-me ao luxo de assinar documentos uma tarde inteira, porque vou repetir a assinatura até à exaustão ou pelo menos até o funcionário (entretanto a suar em bica e com a camisa aberta de desespero) considerar que consigo assinar como no B. I. Uma espécie de xeque-mate!
E ainda sou capaz de lhe pedir uma declaração em que o funcionário reconheça que sou capaz de assinar tal como no B. I., e nesse caso, vai ter que existir uma linha em branco com uma indicação por baixo a dizer "assinatura do funcionário", onde este terá que assinar, tal como consta no B. I.! Eu próprio verifico se a rubrica "confere"...

Example

3 Comments:

  • At 6:19 da tarde, Blogger El Mariachi said…

    Quando sei que esse momento solene, como a passagem do Airbag para o Paranoid Android no OK Computer, vai acontecer, tipo assinar o postal da La Redoute na Papelaria Lacinho onde vamos levantar a encomenda (um calçanito caqui da pág.781), levo sempre o meu melhor aparo!

     
  • At 9:38 da manhã, Blogger Zorze Zorzinelis said…

    Torna-se difícil comentar quando o Maricahi opina. Meu dEUS, Diaz., mas também, e já agora, meu dEUS Zé. Tanta coisa boa que anda aí - olha, por exemplo, a Dani Woodward - e tu vais falar do BI. Acho que estás a precisar de férias!! Brinco! Abraço!!

     
  • At 11:29 da manhã, Blogger C@B said…

    Experimenta sacar um passaporte com uma assinatura diferente do BI e qnd te pedirem para assinar conforme o BI, questiona se pode ser conforme o passaporte. Nao 'e ilegal e deixa alguns dos mais zelosos funcionarios publicos baralhados... heehehe

     

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