"ELÁDIO, PODE SER ELÁDIO"

Pronto, era agora! Não havia erro possível! Após oito meses e meio de gravidez, a mulher estava agora prestes a ter a criança. Optara por não saber o sexo da criança e aceitar o que Deus reservara. Telefonou para o serviço de rádio-táxi e o homem do Mercedes preto e verde só surgiu meia hora depois. Apesar do atraso, o taxista ainda parecia mal disposto e enfiou a mulher nos bancos traseiros do Mercedes, enquanto disparava impropérios contra tudo e todos. "Calha-me isto logo à hora em que começa o Benfica...", não podia deixar de lamentar. Entre curvas apertadas e manobras arriscadas, o táxi lá chegou inteiro à maternidade e a mulher (contagiada pelo mau humor do taxista), foi direccionada para o bloco de partos. Só vinte minutos depois, surgiu um médico com um ar relaxado e após uma observação duvidosa, concluíu que só dali a uma semana é que o bébé nascia! Com uma expressão de raiva, a mulher gritou que não saia dali sem a criança nos braços, exigindo que o parto tivesse lugar imediatamente! O esgar de dor era insuportável! Tudo tinha corrido mal àquela pobre mulher, que a única coisa que desejava era ter a sua criança em paz e sossego! Em segredo, desejava uma filha mas apregoava aos "sete ventos" que só queria que viesse com saúde! Finalmente, a enfermeira entra no quarto com a criança mas a jovem mãe ainda não estava refeita de todos os azares que lhe tinham acontecido!
- "É um rapaz, senhora Climaco! Já tem nome para o petiz?"
Com toda a fúria que estava armazenada, a mulher disparou com raiva:
- "ELÁDIO, PODE SER ELÁDIO!"


Em cima: Não há nenhuma razão aparente que leve uma mãe a chamar Eládio a um filho, mas um péssimo conjunto de circunstâncias podem justificar tal atitude